“E se hoje fosses ter com essa pessoa que tens no teu pensamento, e fizesses o que mais te apetece?”
    Quem tenho eu no meu pensamento?
    Esta é a primeira de muitas perguntas. Será o meu ex-namorado? Será o rapaz por quem me estou a apaixonar? Será a minha melhor amiga?
    Não. Não creio que seja qualquer um deles. Eu estou no meu pensamento. “E se fosses ter com a pessoa que tens no pensamento”? E se eu fosse ter comigo? E se eu me encontrasse? Sim. É essa a verdadeira resposta. Eu. Preciso de ir ter comigo mesma, de me encontrar. E quando o fizer, falarei comigo mesma, descobrir o que quero, como avançar no futuro. Até lá, de que me serve fazer planos com esta e aquela pessoas? Se não sei que planos quero para mim, não faz sentido fazer planos para os outros.
    O que eu gosto realmente? Quem era eu antes de começar o meu relacionamento mais longo? Vou rebobinar a minha vida, pode ser que assim descubra onde me perdi. Rever todos os momentos, alturas, fases e mudanças. Redescobrir os meus gostos. Procurar-me entre recordações. Não duvido de que não serei a mesma que à dois anos atrás. Mas não creio que tenha mudado assim tanto que já não me consiga reconhecer.
    Em criança, do que gostava eu? A profissão que queria era princesa, adorava tirar fotografias e ser fotografada. Levava os vestidos e os saltos altos da minha mãe e vestia-me e tirava fotografias com eles. Inventava penteados e maquilhagens. Vestia e despia barbies conforme a moda do meu espírito ditasse. Neste aspecto já me reencontrei, graças ao meu ex-namorado finalmente me deram a tão esperada máquina fotográfica que eu queria desde os seis anos. Também foi graças a ele que redescobri o meu fascínio pela moda e beleza, ao servir-lhe de modelo para várias fotografias, arranjava-me, vestia-me com coisas mais bonitas e maquilhava-me mais para ficar bonita nas fotografias. Nestes aspectos, voltei ao meu eu de criança.
    Depois de descobrir que não podia ser princesa, quis ser fotógrafa. Todos me diziam que a fotografia não tinha futuro em Portugal, para eu optar por outra coisa. Queria aprender piano e cantar, queria ser actriz, nova profissão, actriz ou cantora. E recomeçaram a dissuadir-me. As cantoras não recebem quase nada, as actrizes são umas vádias, não podes ser nenhuma das duas. Mais um sonho desfeito. Então procurei seguir o sonho da minha mãe, a arqueologia, não desgostava de história e achava fascinante passear pelas ruínas romanas e pelos castelos. Então, no nono ano, fizemos os testes psicotécnicos, indicaram que eu devia seguir uma carreira artística. Mas já me tinham metido na cabeça que o que eu queria era história. Falso. Não era isso que eu queria. Eu queria dançar, cantar, fotografar e, acima de tudo, viajar. Agora, no curso de humanidades, já pensei demasiadas vezes que fui para a área errada. Eu devia ter ido para artes como me ditavam os testes psicotécnicos. Contudo, não vou voltar atrás no décimo segundo ano.
    Estou a redescobrir-me. Aos poucos vou consegui-lo. Redescobri o meu amor por fotografia e por moda. Apercebi-me que gosto de andar bem vestida e não sou tão feia como me julgava. Precisava de aumentar a minha auto-estima. Estou a fazê-lo aos poucos. Tenho confiança que, daqui a uns tempos, seja uma nova pessoa, baseada na minha personalidade inicial.
    Quem disse que as crianças não têm personalidade? Elas têm. Aí é o início de tudo. O que alimentamos, o que achamos que elas não devem fazer. Disseram-me que o que eu gostava não valia a pena. Agora, após mais de dez anos, voltei a gostar delas e a quere-las. E não creio que volte atrás. Estou a demorar a reconhecer-me, esta viagem pelas minhas memórias e pensamentos está a fazer-me perceber que eu não sou quem julgara ser.
    Encontrei um novo eu, no meu antigo eu. Um eu longínquo, distante, à espera de voltar. Agora que o estou a trazer aos poucos de volta à vida, não o vou abandonar.



 
gostei mesmo deste texto :) tens uma boa atitude...
ResponderEliminaracho que fazes bem em repensar na tua vida :D
ResponderEliminartb ando a precisar de fazer isso
beijinho
Rosie obrigada. Já me disseram que tenho jeito para a escrita mas acho que ainda tenho muito para evoluir :)
ResponderEliminarRitinha devias faze-lo antes que seja tarde demais ;)
O meu grande sonho também era as artes. Sempre adorei tudo o que existe dentro desse conceito tão amplo... Era a fotografia, o desenho, a pintura, o design, o estilismo, tudo.
ResponderEliminarSempre me disseram que tinha muito jeito para todas essas coisas. Quando era mais nova pintava quadros muito bonitos, desde que me lembro que sou gente sempre desenhei tudo o que me aparecia à frente, sempre tive a pancada da moda e de ser estilista. Descobri o webdesign e ainda hoje ninguém me tira da cabeça que vou fazer um curso disso mesmo. A fotografia sempre foi paixão (tanto fotografar como ser fotografada) mas sempre me disseram que as artes não levavam a lado nenhum.
Como também sempre tive o sonho do direito, optei por segui-lo profissionalmente. Fui para humanidades, entrei na faculdade mas, admito, sempre me questionei "e se desistir e for para artes?".
Hoje tenho a minha cabeça definida. Apesar de ter optado por direito isso não quer dizer que não possa aprender a minha segunda paixão.
Tenho listas infinitas de cursos de fotografia, webdesign, pintura, etc. E vou concretizá-los. O tempo torna-o dificil, ainda para mais quando estiver a trabalhar como advogada. Mas nada é impossível :)
Agora, se achas que é melhor desistir, força. Mas lembra-te: quando se tem paixão por algo, encontra-se sempre tempo.
:)
Sophie bem vinda! Não vou desistir de onde estou agora e vou tirar o curso que tencionava. No entanto vou tirar um curso extra, algo relacionado com as artes, talvez fotografia ou um segundo curso de teatro. MAs o que é certo é que ei de conseguir arranjar tempo para isso. Porque adoro :)
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