Porque eu também gosto de poesia, apesar de não ter veia poética...

O que há em mim é sobretudo cansaço
Não disto nem daquilo,
Nem sequer de tudo ou de nada:
Cansaço assim mesmo, ele mesmo,
Cansaço.

A subtileza das sensações inúteis,
As paixões violentas por coisa nenhuma,
Os amores intensos por o suposto alguém.
Essas coisas todas -
Essas e o que faz falta nelas eternamente -;
Tudo isso faz um cansaço,
Este cansaço,
Cansaço.

Há sem dúvida quem ame o infinito,
Há sem dúvida quem deseje o impossível,
Há sem dúvida quem não queira nada -
Três tipos de idealistas, e eu nenhum deles:
Porque eu amo infinitamente o finito,
Porque eu desejo impossivelmente o possível,
Porque eu quero tudo, ou um pouco mais, se puder ser,
Ou até se não puder ser...

E o resultado?
Para eles a vida vivida ou sonhada,
Para eles o sonho sonhado ou vivido,
Para eles a média entre tudo e nada, isto é, isto...
Para mim só um grande, um profundo,
E, ah com que felicidade infecundo, cansaço,
Um supremíssimo cansaço.
Íssimo, íssimo. íssimo,
Cansaço...

Álvaro de Campos

(c) Margarida Araújo (1000imagens)

Penso que nada melhor para descrever o que sinto, do que este poema. Estou cansada. Convidei-o para tomar o tal café, mas ele não tinha dinheiro no telemóvel por isso não conseguimos combinar nada. Mais tarde combinámos que ficava para outro dia. Não sei quando. Um dia.

O meu ex-namorado está a ser um bocado idiota/parvo/estúpido/paspalho... o que preferirem, eu diria todos... mas no grau aumentativo.

Tenho-me sentido tão sózinha. Não estou a pedir um namorado, o que eu preciso mesmo é de um amigo. Sinto-me sózinha porque as minhas amigas só pensam nos namorados, só querem estar com os namorados, não existe mais nada no mundo para elas para além dos namorados. Preciso de um amigo, com quem possa desabafar sobre tudo isto, que me apoie, que mesmo não fazendo de mim a sua prioridade, me dê mais atenção do que os outros dão. Preciso, mais do que tudo, de um amigo. Não peço às minhas amigas para abdicarem dos namorados por mim, longe disso, só quero a felicidade delas. Mas talvez por isso eu precise de me distanciar, de fazer mais amigos, conhecer pessoas novas. Adoro-as, mas preciso de mudança. Estou cansada, como Álvaro de Campos, apenas cansada.

Ah, e parabéns ao Filipe! Espero que aproveites bem a oportunidade que os portugueses (eu incluida) te deram!